segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

SITALCES (431-424 a.C.)

 
Sitalces (em grego antigo Σιτάλκης, Sitálkes), reinou de 431 a 424 a.C. e foi um dos grandes reis do Estado trácio dos odrísios. Ele era o segundo filho de Teres I, e quando da morte de seu pai em 431 a.C subiu ao trono. Bravo guerreiro e um sábio governante, Sitalces ampliou seu reino por guerras bem-sucedidas, e logo suas terras compreendiam o território desde Abdera no sul até a foz do rio Danúbio, ao norte, e do Mar Negro, a leste com as fontes do rio Estrimão (atual Struma) no oeste.
O Reino Odrísio sob Sitalces em 430 a.C.
Seu irmão mais velho, Esparádoco, governou a região sudoeste da Trácia como vassalo de Sitalces. Embora não se conheça nenhuma moeda dos reinados de Teres I e Sitalces, de Esparádoco há várias moedas remanescentes.
2797 Sparadocus Rex Thraciae Drachm AR
Dracma com a inscrição do nome grego de Esparádoco, irmão de Sitalces

Sitalces e a Guerra do Peloponeso
No início da Guerra do Peloponeso (conflito bélico ocorrido entre 431 e 404 a.C. que opôs Atenas e seus aliados à Esparta e seus aliados), Sitalces entrou em aliança com os atenienses, que eram bem conscientes do valor bélico de uma aliança com o rei odrísio. Sitalces tinha tomado por uma de suas esposas a irmã de Ninfodoro, um grego de Abdera, colônia ateniense na Trácia, por cuja mediação havia sido feito aliado com Atenas. Sadoco, filho de Sitalces, também por meio de Ninfodoro, obteve a condição de cidadão de Atenas. Além disso, como elo entre Atenas e o Reino Odrísio, havia o mito de Tereu, mítico rei trácio ligado à história mitológica de Atenas. Em 431, o cunhado de Sitalces negociou um tratado entre Atenas e Pérdicas II, rei da Macedônia, no qual o rei macedônio recuperou a cidade de Terme. Em compensação, Atenas retirou seu apoio às pretensões de Filipe de Macedônide, irmão de Pérdicas que disputava com ele o trono. Os trácios se comprometeram a ajudar Pérdicas em capturar seu irmão rival, o qual foi expulso e se refugiou na corte de Sitalces, o qual prometeu não restituir a Filipe no trono.
O Reino Odrísio durante a Guerra do Peloponeso
Pérdicas marchou contra os calcídicos, aos quais anteriormente havia convencido de se rebelaram contra Atenas. No entanto, o rei macedônio traiu os atenienses novamente e enviou 1.000 soldados para ajudar os espartanos a atacar a região de Acarnânia em 429 a. C., mas essa ajuda chegou demasiado tarde. Os espartanos enviaram uma delegação a Sitalces para tentar convencê-lo a renunciar à aliança com Atenas e para ajudá-los em socorro a cidade de Potideia (Potidaia) que estava sob o cerco dos atenienses. No entanto, Sadoco, filho de Sitalces e cidadão ateniense, capturou os delegados antes de chegarem ao rei, e os trouxeram a Atenas, onde foram executados sem julgamento. Pérdicas tinha ofendido a Sitalces por não ter cumprido sua promessa de dar-lhe sua irmã em casamento, uma promessa feita visando que Sitalces e seu cunhado trouxessem o rei macedônio à aliança com Atenas, no momento quando ele estava debilitado pela rivalidade com seu irmão Filipe. Mas, agora com Filipe exilado na Trácia, o rei macedônio mudou mais uma vez de aliado.
representação de um cavaleiro trácio

A Invasão à Macedônia
Morto Filipe de Macedônide, seu filho Amintas recebeu de Sitalces a promessa de apoio à pretensão do trono da Macedônia em detrimento de Pérdicas, ao qual Atenas visava também derrubar. Para isso contava com poder militar dos trácios. Os atenienses, embora tivessem embaixadores residentes com Sitalces, no entanto, enviaram Agnon como enviado especial para os arranjos da aliança. “Nada poderia ser realizado entre os trácios, exceto com a ajuda de suborno, e os atenienses foram mais competentes para suprir esta exigência que qualquer outro povo na Grécia”, disse o historiador inglês George Grote. Em 429 a.C., no começo do inverno, Sitalces invadiu a Macedônia e a Península Calcídica com um vasto exército. As forças de Sitalces, convocadas a partir de muitas partes diferentes da Trácia, se atrasaram em vir juntas.

Sitalces e um guerreiro trácio
Ele convocou todas as tribos sob seu domínio entre os montes Aimos e Rodope e os dois mares: os getas, entre o Monte Aimo e o rio Danúbio, equipados como os citas (seus vizinhos do outro lado do rio) com arco e flecha a cavalo; também juntaram-se a ele os agrianes, os leeus e outras tribos peônias súditas de seu governo. Por fim, várias das tribos trácias chamadas de dios (do latim Dii), distinguidas por suas peculiares espadas curtas, e por manterem uma independência feroz nas alturas do Rodope, juntaram-se ao exército de Sitalces, talvez tentados pela possibilidade de saque ou pela oferta de pagamento mercenário. Ao todo o seu exército compreendia cerca de 150.000 homens, um terço dos quais compunham a cavalaria, que era formada na maior parte por getas e odrísios. Os guerreiros mais formidáveis em seu acampamento foram as tribos independentes de Rodope. Eles inspiravam grande respeito em seus colegas e temor nos seus adversários.
Guerreiro trácio
A partir do território central odrísio, e trazendo com ele Agnon e os outros enviados atenienses, primeiro Sitalces atravessou a montanha desabitada chamada Kerkine, que dividia os peônios a oeste das tribos trácias dos sintos e medos no leste, até chegar a Doberus, sítio peônio; foi aqui que muitas tropas adicionais e voluntários chegaram até ele completando seu exército. De Doberus, provavelmente marchando junto a um dos afluentes do rio Áxios, ele entrou na parte superior da Macedônia, onde era o território separado de Filipe de Macedônide. A presença de Amintas, filho de Filipe, no exército induziu alguns dos lugares fortificados como Gortynia, Atalante e outros, a abrirem suas portas sem resistência, enquanto outras cidades enfrentaram em vão o poderio do exército de Sitalces.
Região de Gortynia, Grécia, por onde outrora  Sitalces e seus guerreiros passaram 

A partir daí ele passou ainda mais para o sul entrando na Baixa Macedônia. As forças de Sitalces assolaram o território de ambos os lados do rio Áxios até às proximidades das cidades de Pela, capital macedônica, e Kirro; aparentemente Sitalces desceu para o sul até a foz do rio Áxios e o cabeça do Golfo de Salônica. Mais ao sul do que isso ele não foi, mas espalhou suas forças ao longo dos distritos dessa região (Migdônia, Crestônia e Antemo) enquanto uma porção do seu exército foi destacado para invadir o território dos calcídicos e botianos. Os macedônios sob Pérdicas, renunciando a toda idéia de fazer frente a tão esmagador exército, ou fugiram ou se trancaram em um pequeno número de lugares fortificados do país. A cavalaria da Macedônia Superior, de fato, bem armada e excelente, fez algumas investidas bem sucedidas contra os trácios, levemente armados com lanças, espadas curtas e a pelta (ou pequeno escudo), mas teve que recuar, assediada de todos os lados por números superiores, e obrigada a pensar apenas em retiro e desencarceramento.
Cavaleiro trácio

Pânico na Grécia e Retirada da Macedônia
Felizmente para os inimigos do rei odrísio, sua marcha não prosseguiu até o início do inverno - aparentemente sobre novembro ou dezembro. Certamente os atenienses, quando acordaram com ele o ataque conjunto sobre os calcídicos, pretendiam que ele ocorresse num clima mais favorável. Sitalces esperou em vão a ajuda dos atenienses, que só enviaram embaixadores para saudá-lo e cumprimentá-lo. Essa decepção, juntamente com a gravidade do clima, a escassez do país e as privações de seu exército induziram Sitalces a entrar em negociações com Pérdicas, que aliás atraíra a Seutes, sobrinho do rei odrísio prometendo-lhe sua irmã Estratonice em casamento, juntamente com uma quantia em dinheiro, com a condição de que o exército trácio rapidamente se retirasse. Então, feito o acordo, após trinta dias devastando a Macedônia o exército trácio se retirou. Havia passado oito dias que um destacamento trácio tinha devastado as terras da Calcídica. Esse breve tempo foi suficiente para difundir terror a  toda volta. Tal hoste de bárbaros ferozes nunca antes tinha sido reunida, e ninguém sabia em que direção eles poderiam estar dispostos a realizar as suas incursões.
Guerreiros trácios
As tribos independentes da Trácia (pnaei, odomantes, droi e dersaei) nas planícies no nordeste do rio Estrimão, e perto do Monte Pangero, não muito longe da cidade de Anfípolis, foram os primeiros a perceber que Sitalces poderia aproveitar a oportunidade de tentar conquistá-los. Por outro lado,os tessálios, magnetas, e outros gregos ao norte das Termópilas ficaram apreensivos com a possibilidade de Sitalces continuar sua invasão mais ao sul e começaram a organizar meios para resistirem a ele. Mesmo a confederação geral do Peloponeso ouviu com mal-estar sobre esse novo aliado que Atenas estava trazendo para o campo, talvez contra eles. Todos os alarmes essas foram dissipados quando Sitalces retornou para o seu reino sem causar maiores prejuízos. Era o terceiro ano da Guerra do Peloponeso (428 a.C.). O não-confiável rei Pérdicas, nesta ocasião, cumpriu sua promessa casando sua irmã com Seutes, pois vira quão terrível fora violar sua semelhante promessa anterior a Sitalces. O rei odrísio foi morto em 424 durante uma campanha contra tribo trácia dos tribalos, assim como seu pai. Ele foi sucedido no trono por seu sobrinho Seutes, filho de Esparádoco. O Sitalk Peak na Ilha Livingston nas Ilhas Shetland do Sul, na Antártida, tem esse nome em homenagem a Sitalces.
File:Sitalk.jpg
O Sitalk Peak
FONTES:
http://en.wikipedia.org/wiki/Sitalces
http://hourmo.eu/27_Reges_Thraciae/Sitalkis/Index_Sitalkis.html
http://referenceworks.brillonline.com/entries/brill-s-new-pauly/sparadocus-e1118500
http://hourmo.eu/16_Historical_Notes/BC/0431_Sitalkes_Grote.html
http://www.europost.bg/article?id=4151

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